sábado, 5 de março de 2016

"Contra as Violências Machistas, Iniciativas Feministas": Conclussões IV Encontro Feministas Autónomas, Vigo, 2016

Resultados do IV Encontro de Feministas Autônomas

“Contra as Violências Machistas, Iniciativas Feministas”

Bairro de Teis, Vigo - 20 de Fevereiro 2016


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Café Diâlogo: Contra as Violências Machistas

1) Que som as violências machistas? (para mim, para a minha família/comunidade, para a sociedade...)

A palavra que maioritariamente descreve o que som as violências machistas para as mulheres neste encontro é INVISIBILIZAÇOM. A negaçóm dos privilégios, poder de controlo, invasóm e imposiçóm outorgados aos homens sobre as mulheres.
A negaçóm da existência duma estrutura patriarcal que assigna roles de género difíceis de derrubar e que ingere nas mulheres um sentimento de culpa e autolimitaçóm que nos impede reconhecer e comunicar com claridade que o malestar que sentimos é violência.

2) Que aliadas/os temos? (pessoas, coletivos, instituições...)

Neste momento, ainda, nom sentimos que tenhamos claras aliadas além de nós próprias e o movimento feminista.
Debates e novas perguntas que surgem:
  1. Reconhece-se a necessidade da presença das diversidades/identidades múltiplas do feminismo (ILGTBQI). Por que nom participam em encontros como estes? Por que nom se sentem chamadas a participar neles?
  2. Sugere-se criar/considerar alianças com pessoas individuais com consciência feminista no nosso âmbito afetivo (comunidade, família, homens…), no ativista (outros movimentos sociais) e no institucional (mulheres feministas). Som aliadas? Como o fazemos?
  3. Relações com as instituições, cos municípios… apoderar-se delas? Utilizar os seus recursos (quando há mulheres feministas nelas)? Determinar relações autónomas com elas?

3) Como combate-las? (coletivamente, individualmente...)

Precisamos pois visibilizar de jeito transversal as violências machistas em toda a sua dimensóm trabalhando do individual ao coletivo na toma de consciência, educaçóm, cuidados, autoestima e auto-organizaçóm.
Precisamos tecer redes seguras e autónomas caras a criaçóm e consolidaçóm de estratégias e ferramentas feministas (económicas, de debate, pensamento, integrais)
Precisamos de acçóm e toma de espaços de poder onde nós decidamos os limites e níveis de tolerância que lhe imos dar a nossa resposta coletiva.



Debates a novas perguntas que surgem:

1. Poder eleger, se queremos vitimizaçóm ou empoderamento.

2. Direito a ser mais violentas, á demonizaçom por sermos mais violentas.
3. Rachar coa culpa
4. Ocupar lugares de poder
5. Respeito a nós mesmas e às mulheres que denunciam violência.
6. Coragem e nom ter medo.


4) Qual seria o seguinte passo?


Os passos a seguir que saíram forom:

  1. Auto-organizaçóm: Organizar-se em grupos de apoio mútuo onde adquirir formaçóm, acompanhar processos, procurar respostas e fazer trabalho emocional e intelectual.
  2. Redes: Criar, alimentar e cuidar redes feministas onde poder falarmos, encontrarmo-nos e fazer trabalho e visom integral.
  3. Acçom direta: Trabalhar a autodefesa e outras ferramentas feministas (autoestima, raiva…). Assumir os nossos direitos e exerce-los aqui e agora. Fazer a revoluçóm já!

Outras ideias a desenvolver:

  • Adaptar os espaços públicos às nossas necessidades.
  • Permitir os processos lentos
  • Direito á demonizaçóm. O direito a reagir, a agredir.
  • Definir protocolos/ações específicas conjuntas (qual é a violência, número de medidas específicas...)
  • Ocupar espaços de poder
  • Compromisso vital com a luita feminista.


Colóquio

  • Uma das organizadoras do evento manifestou a sua preocupaçóm porque nom houvesse gente queer, votou em falta mais diversidade e manifestou a sua preocupaçóm por esta singularidade e porque estes coletivos nom se sentissem representados.
  • Á pregunta de que fazer, que propostas há cima da mesa para trabalhar o tema das violências machistas, várias participantes manifestaram que se tinha perdido o ativismo. Falou-se também do labor pedagógico e a influência da comunicaçóm virtual.
  • Há uma necessidade de compartir o que se está a fazer porque detecta-se uma desconexom dentro do feminismo, nom há conexom dos distintos feminismos segundo o território.
  • A resposta de que está a falhar, falou-se da vergonha, do reconhecimento “a nós mesmas” resulta-nos dificil.
  • Necessidade de mulheres feministas nas instituições.
  • Muita necessidade dum grupo de apoio, dum ativismo coletivo além das instituições. O tema dos afeitos, do apoio, está no limbo. Falta sentir esse apoio das instituições e supli-lo com outra cousa.
  • Necessidade de autocrítica, criar grupos mais próximos. Tema do facebook nom vale para toda a povoaçom, criar um grupo de mulheres.
  • Necessidade dum lugar físico e real onde poder contar o que está a passar porque sem respaldo nom há força.
  • Criar um lugar físico e uma estrutura clara, necessidade de protocolos
  • Reconhecimento das limitações pessoais, o compromisso, quanto estamos dispostas a implicarmo-nos.


Grupos de Apoio


Debate comum no final da atividade

Há um sentimento de frustraçom e raiva eminente. Mulheres qualificadas de diversos jeitos com projetos e iniciativas feministas que poderiam transformar a sociedade mas sem recursos económicos e com barreiras institucionais, sociais, familiares que lhes impedem pô-los em prática. E o tempo continua a passar sem podermos fazer nada e outros projetos sem perspetiva feminista transformadora ocupam o lugar dos nossos.

Diferenciar entre precariedade, estar com a agua ao pescoço, mas poder cobrir o básico,
e estado ruinoso, quando conseguir o básico é uma odisseia… si é que se consegue.

Precisamos valorizar o nosso trabalho do mesmo jeito em que o fazem os homens, que se sentem satisfeitos economicamente, socialmente e emocionalmente. Temos de reivindicar os nossos direitos para poder estar também satisfeitas plenamente, sem culpabilidade e continua frustraçom. Assim poderemos estar em condições para o ativismo. Se eu nom sou quem de me empoderar na mina vida, como vou ajudar a outras mulheres?

Mudar o paradigma. Determinar que é realmente o básico do que precisamos. Nom somos nós mas o sistema que nos diz o que precisamos. Que aconteceria se fossemos nós as que decidíramos quais som as necessidades principais que temos de cobrir?

Duas linhas e as suas inter-relações a explorar mais profundamente no futuro:
Reivindicar os nossos direitos dentro do sistema, imprescindível para o aqui e agora vs Mudar o paradigma capitalista e criar o nosso próprio sistema autónomo?